Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Fabiano Cirolini diz que chuva garantiu a lavoura
Depois das notícias de que o La Niña poderia provocar estiagem e sérios prejuízos à lavoura de soja e à pecuária, as chuvas dos últimos dois finais de semana vieram como uma bênção. Além de terem salvo as plantações, que já começavam a ter perdas, as chuvas foram comemoradas não só por agricultores, mas até por quem mora na cidade e depende indiretamente do agronegócio.
Como ainda falta um bom tempo até o final da colheita, ainda não há garantia de que a estiagem não voltará a prejudicar as plantações. Porém, as chuvas caíram num momento decisivo e podem representar vários milhões de reais a mais que entrarão na economia da região este ano. Segundo a Emater Municipal de Santa Maria, choveu, em média, 45 mm do final de semana até a tarde de ontem no interior, com o maior acumulado na região produtora de Santa Flora, onde passou de 60 milímetros. Isso evitou o aumento do prejuízo.
- A chuva veio em boa hora porque a soja está ainda em uma fase em que pode se recuperar. Como a planta está menor que o previsto, não deve atingir uma produção excelente, mas vai dar para pagar os custos. A exceção é onde foi plantada e não nasceu. Apesar de não ser recomendado, tem produtor que vai arriscar e replantar agora para tentar colher o suficiente para pagar o arrendamento - diz a técnica agrícola da Emater, Isadora Martins Marques da Rocha, lembrando que já teve um pedido de vistoria para seguro agrícola devido à perda de soja em área de coxilha em Santa Flora.
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A chuva veio em boa hora para a lavoura de soja do produtor Fabiano Cirolini, 36 anos, que cultiva 60 hectares em Palma. Os 30 mm registrados no local foram fundamentais para o desenvolvimento das plantas.
-A soja estava em fase de floração. Se não viesse uma chuva, os pés corriam o risco de perder as flores e isso atingiria o desenvolvimento dos grãos e diminuiria a produtividade.
Cirolini tem suas lavouras de soja em duas áreas diferentes. Em uma, as flores das plantas já estavam caindo devido à falta de chuva. É nela que o produtor já teme alguma perda.
- Os pés estão um pouco menos desenvolvidos. Já penso numa perda de 20% - analisa Cirolini.
O agricultor cultiva soja há oito anos. A próxima etapa, agora, é a segunda dosagem de fungicida. Ele tem outras fontes de renda, como plantio de arroz e criação de gado, já que a valorização da soja é uma incógnita.
- Soja é uma loteria. Tu dependes do tempo para uma boa lavoura, e, além disso, precisa cobrir custos e vender bem. Mas o preço não está nada bom - lamenta o produtor, que estima colher 50 sacos por hectare.